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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O benemérito António José Rodrigues



“Quem não vive para servir não serve para viver”
(Teresa de Calcutá)

Em 31 de Outubro de 1956, o Dr. Júlio Vilela - presidente da direcção da AHBV do Peso da Régua - e os directores Noel de Magalhães e Alfredo Baptista e o 2º Comandante António Guedes – o autor memórias dos bombeiros da Régua - acompanharam numa visita às instalações do edifício sede dos bombeiros, o Senhor António José Rodrigues – carinhosamente chamado por “Mumu”- um simpático ancião e um generoso benemérito, a quem mostravam o andamento das obras no primeiro piso do edifício-sede, na parte projectada para ser um majestoso Salão Nobre, onde se realizassem as reuniões dos associados e as cerimónias oficiais.

No percurso sinuoso, com mais de um século de história, com momentos de dificuldades financeiras, os bombeiros da Régua podiam destacar o contributo de muitas pessoas que, desde a sua fundação até ao presente, os ajudaram com donativos, viaturas e equipamentos, de forma desinteressada e altruísta. Se tivessem de evocar os benfeitores que fizeram doações seriam muitos nomes que teriam de louvar e dignificar a sua atitude como verdadeiro exemplo cívico para a sociedade.

Sobreviveram os sacrifícios, a adversidades e a grandes e complicados obstáculos os bombeiros da Régua para nunca desistirem da sua missão. Com coragem e determinação venceram todas as contrariedades. Cada uma delas foi entendida sempre como um desafio e um estímulo para se fazerem mais e melhor, tornarem a associação mais eficiente e cada vez maior, na fidelidade aos princípios que inspiram a sua fundação.

Foram grandes os entraves para terem uma infra-estrutura condigna para exercerem seu trabalho e guardarem os seus equipamentos e veículos como, em 1930, aconteceu ao iniciarem a construção do quartel. Tiveram de passar 25 anos para que esse sonho se tornasse real. Só foi possível aguentarem uma espera tão longa devido à persistência dos briosos soldados da paz, directores, associados e, sem dúvida, esses anjos salvadores que tem o nome de beneméritos. Se os bombeiros da Régua estão instalados num dos edifícios mais emblemáticos da cidade, não restam dúvidas que o devem, em parte, à ajuda de um velho e generoso reguense, o senhor António José Rodrigues, ou como lhe chamavam, o “Mumu”.

A generosidade é um sentimento que pode trazer felicidade para sempre, alguém escreveu. Esta citação vem ao encontro do espírito desse benemérito, que para nós é digno, sem desconsideração para os demais, de uma menção especial. Os seus donativos serviram para melhorar o funcionamento e a prestação de serviços dos bombeiros à comunidade com mais qualidade, conforto e segurança.

Foi graças ao “Mumu”, um antigo comerciante de confecções e lanifícios numa loja da Rua dos Camilos - onde hoje está a “Chama Lar” – que os bombeiros da Régua encontraram a ajuda necessária para resolver algumas dificuldades. Em 1955, o seu donativo de 50.000$00 – uma avultada quantia para a época – serviu para que se fizessem as obras que faltavam no quartel.

O senhor António José Rodrigues está esquecido na sua terra. A Régua comercial, como antigo balcão do Largo da Estação até ao Salgueiral, não sabe quem foi o “Mumu”, nem o bem que ele fez. Apenas alguns, o recordam e falam dele com emoção. É o caso de um seu empregado, o senhor Pinto, ainda a exercer o comércio no “Caeiro”, que com ele apreendeu os segredos do negócio, e a velha clientela, gente de um outro tempo, que comprava os riscados e as fazendas no seu estabelecimento comercial.

Os bombeiros da Régua é que não o podem esquecer. Para eles, o “Mumu” foi um homem extraordinário. Sempre os ajudou quando tinham dificuldades. Era, naquele tempo, o principal mecenas. Ao contrário de muitos outros, soube ser generoso e contribuir com parte da sua riqueza para melhorar a vida dos bombeiros. Contribuiu com muito dinheiro. Legou, em testamento, a sua casa de habitação e um armazém de vinhos - neles está a Salsicharia Real e o Restaurante Cacho De Oiro - sitos na Rua D. Branca Martinho, para serem valorizados como património da associação.



No tempo certo, os bombeiros reconheceram gratidão ao seu benemérito. No quartel, o Salão Nobre recebeu o seu nome: “Salão António José Rodrigues”. Ao mesmo tempo, era colocado nesse Salão um seu retrato pintado a óleo. Aconteceu em 3 de Maio de 1957 essa cerimónia. Foi convidado o jovem António Caeiro, afilhado do benemérito, então estudante de direito em Coimbra – recentemente falecido - para descerrar o retrato. A direcção da associação sugeriu ainda que lhe fosse concedida a comenda da Ordem da Benemerência. Aceite pelo Governo como justa tal distinção, o Senhor António José Rodrigues foi condecorado, na Câmara Municipal da Régua, pelo Ministro do Interior, Dr. Trigo de Negreiros, o qual lhe expressou este elogio: "Que o seu exemplo admirável frutifique e que Deus lhe conserve a saúde preciosa para continuar a praticar actos de beleza moral tão grandes como aqueles que vem praticando."

Foi declarado um outro elogio ao senhor António José Rodrigues, no jornal “Vida por Vida”, de 1971, em que o autor, em nome da direcção e do corpo de bombeiros, o considera “o maior benemérito da nossa associação”, do qual transcrevemos a parte seguinte:

"Em, plano extraordinariamente acima dos outros seres que povoam o nosso Universo, o Homem encontra-se neste Mundo para cumprir um destino (…) Talvez o Homem vulgar não se importe, no fim de contas, com estas coisas.

Mas existem, felizmente, outros HOMENS, que pensam e executam à sua maneira - à maneira como todos tinham a obrigação de pensar…Mas o fundamento da sua actuação estará o cumprimento do destino para que fora criado.

Surgem-nos estas ligeiras meditações, a propósito dum facto, deveras notável: a doação dos seus bens imóveis, feita pelo Grande Benemérito, Senhor António José Rodrigues, à nossa Associação.

Deveríamos, por isso mesmo, ter começado por onde afinal acabamos. Mas preferirmos deixar para o fim o verdadeiro significado deste escrito que é o de agradecer Aquele que passou a ser o MAIOR BENERMÉRITO DA NOSSA QUERIDA ASSOCIAÇÃO.

O Senhor António José Rodrigues é credor de toda a nossa admiração, pois ao longo da sua vida tem sabido interpretar o verdadeiro significado da palavra HUMANIDADE. Não tem sido só para esta Casa que as suas generosas dávidas têm sido destinadas. O mesmo vem acontecendo para a Santa Casa da Misericórdia, instituição pela qual, o Senhor António José Rodrigues, nutre o mesmo carinho e mesma admiração.

Ao doar os seus bens à nossa Associação, afirmou tão grande Benemérito: Quero o engrandecimento da nossa Corporação para bem da minha querida Régua.

MUITO OBRIGADO SENHOR ANTÓNIO JOSÉ RODRIGUES. Oxalá que Deus o restitua à vida normal por muitos anos, pois as duas instituições – BOMBEIROS e HOSPITAL - que tanto lhe devem, necessitam da sua caridade – que é grande é sincera."

"A AHBV da Régua nasceu e desenvolveu-se assente em três pilares: o associativismo, o voluntariado e o mecenato. Existe, com identidade própria, numa permanente ligação aos cidadãos”.

Quando se enaltece o exemplo do voluntariado e do associativismo pretende-se motivar as pessoas para o apoio à actividade dos bombeiros. Este é sempre essencial quando os auxílios de quem de direito são poucos ou escasseiam. Com o empenho, boa vontade, espírito de solidariedade, cooperação de pessoas generosas os bombeiros sentem-se mais responsáveis no seu papel social na sua comunidade. Os bombeiros da Régua têm beneficiado muito da generosidade da população, especialmente, de bons beneméritos. É um sinal positivo que favorece a coesão social e dá-nos confiança e uma perspectiva gloriosa nos tempos vindouros.

O “Mumu” soube cumprir o melhor destino: serviu durante a sua vida os bombeiros. Evocá-lo é uma forma de hoje se reconhecerem os demais beneméritos que estão bem dentro do coração dos bombeiros da Régua.
- Peso da Régua, Dezembro de 2009, J. A. Almeida.
(Clique nas imagens acima para ampliar e visualizar melhor)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um ilustre benemérito

Do ilustre benemérito senhor António José Rodrigues guardo eu uma primeira imagem que me ficou já remota, já delida pelos anos que passaram. Nesses recuados tempos, teria eu uns seis ou sete anos, entrei com meus pais no estabelecimento comercial do senhor António José Rodrigues, conhecido no meio pela alcunha de Mumu. Ainda hoje tal epíteto me escapa ao entendimento e também me escapa, ou já não me lembra, qual a peça ou artigo que meus pais foram ali comprar. Seria uma peça de riscado ou fazenda, seria pano-cru ou seria apenas uma meia dúzia de botões? Não sei… O que sei é que a loja do Mumu se situava no enfiamento da rua dos Camilos e um pouco adiante da Pensão Douro.

A bem dizer, situava-se muito perto da estação de comboios. Toda a clientela que viesse às compras à Régua e que ali se apeasse dos comboios ou das camionetas de carreira, tinha por perto a loja do Mumu.

Quando há muitos anos ali entrei, levado pela mão de meus pais, a loja pareceu-me algo modesta, um tudo nada envolvida de soturnidade mas, ainda assim, bem rica de prateleiras, com um variado mostruário de tecidos e fazendas. Ao tempo, foi essa a impressão que me marcou e da qual me lembro.

Também me lembro que, às tantas, uma frase ou um dito do senhor Rodrigues fez com que meu pai risse uma boa gargalhada mas, por qualquer minha distracção infantil, não dei tento do gracejo ou da galhofa, sei lá se de alguma malandrice.

Mas, no correr dos anos, sei que o comércio do senhor Rodrigues era comércio de boa nomeada, boa aceitação e boa freguesia. Ali se vendiam variados tecidos e fazendas, chitas e riscados, xailes e camisolas, cobertores e atoalhados, colchetes e botões. A metro ou à dúzia, tudo era, modo de dizer, um ver se te avias. E a verdade é que o senhor Rodrigues, anos a fio, lavrou nesse comércio as raízes do seu trabalho e do seu desafogado viver.

Digamos, portanto, que tal negócio não lhe foi desventuroso. Digamos ainda que o senhor Rodrigues fazia todos os dias uma boa caminhada desde a residência, no Senhor dos Aflitos, até à sua loja de comércio.

É crível que, passo a passo, num relance de olhos, visse e sopesasse também o negócio dos outros, fosse o chamariz das montras, as particularidades de um amplo balcão ou até o deslumbramento diante da cintilação do oiro e da prata no mercado das ourivesarias. De caminho, era ainda a louvação dos bons-dias e boas-tardes dadas aos passantes e convizinhos. E, se calhar, o senhor Rodrigues ia congeminando sobre o deve e haver dos seus negócios, como quem deita contas à vida. Contas feitas, era como se um fogo de bem-querer e bem- fazer lhe incendiasse o espírito e abrisse os caminhos do humanitarismo. Por acréscimo, o senhor Rodrigues ficou milionário da solidariedade e da benemerência, afeiçoada à honrada e luminosa repartição dos bens.

Eu, a fazer fé nos desígnios deste mundo, direi que, por vezes, as riquezas podem ser muito pobres e miserandas. Tais riquezas, se geradas por uma ambição desmedida e pela cainheza do entesoiramento podem desfazer-se num monte de cinzas e num rescaldo de escombros a céu aberto. Podem ter, afinal, estes acabamentos, estes inesperados desatinos.

Em jeito de conclusão direi que o benemérito António José Rodrigues legou grande parte dos seus bens à Santa Casa da Misericórdia e, principalmente, à corporação dos Bombeiros Voluntários.

Acabou seus dias acamado num quarto particular do hospital da Régua, quarto que ficava mesmo defronte da sala de partos, ali onde se definiam as linhas de toda uma Vida por Vida, ali onde a religiosa Irmã Maria foi parteira de todos os meus filhos.

Eu, já licenciado em medicina, pude visitar o senhor Rodrigues uma ou outra vez e pude ver que tinha diante de mim um cavalheiro já de certa idade, com uns dizeres modestos e suaves, como que à espera do fim. Ao lado, sobre a mesinha de cabeceira, sobressaía uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, encimada pelo fino recorte duma coroa de prata.

Essa imagem foi doada à Irmã Maria em reconhecimento pelos serviços de enfermagem prestados ao senhor Rodrigues mas ela bem sabia do meu gosto por antiguidades e velharias, com particular apetência pela arte sacra. Por isso, alguns dias passados, não estranhei que me entregasse a imagem da Nossa Senhora da Conceição, recatadamente enfiada num saquito de plástico.

E assim, por linhas travessas, salvo seja, a benemerência do senhor António José Rodrigues chegou até mim.
- Peso da Régua, 30 de Julho de 2013, Manuel Braz de Magalhães.
  • Também neste blogue em 7 DE DEZEMBRO DE 2009 - O benemérito António José Rodrigues por  J. A. Almeida.
  • Publicado no semanário regional "O Arrais", edição de 7 de Agosto de 2013:

Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2013. Texo e imagens cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida. Também publicado no jornal semanário "O Arrais", edição de 07 de Agosto de 2013, Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Bombeiros da Régua Festejaram 131º. Aniversário

Liga dos Bombeiros atribuiu “ Fénix de Honra”.
Por: mi / Secção: Região do Douro /
Das mais antigas do país, é um exemplo a seguir.

Ambos fizeram questão da sua comparência no acto da entrega da distinção atribuída pela Liga aos Bombeiros reguenses, a “ Fénix de Honra”, uma das mais elevadas insígnias dos Bombeiros lusos. Após se ter efectuado a parada em frente do quartel Delfim Ferreira, seguiu-se após uma visita ao acabado de inaugurar Museu dos Bombeiros, uma sessão solene no respectivo Salão Nobre, contando-se com a presença das autoridades distritais dos “soldados da paz,” de vários representantes de outras Associações, e diversos representantes das forças vivas e institucionais do concelho do Peso da Régua, entre os quais se deve distinguir o presidente da autarquia local, Nuno Gonçalves. As boas-vindas foram dadas pelo presidente da Assembleia Geral, José Alberto Marques, e pelo presidente da Direcção, José Alfredo Almeida, que se não esqueceu de agradecer o apoio de que tem sido alvo a Associação, nomeadamente por parte da Câmara Municipal, cujo presidente no seu discurso disse estar bem ciente da importância dos bombeiros na comunidade reguense, logo por isso, merecedores de todo o apoio que se lhes possa dar. Agradado com as obras de requalificação do quartel ainda “frescas”, com a pujança, e com a interligação com a comunidade, por parte da Associação, um exemplo a seguir,segundo ele, mostrou-se Jaime Soares, que diga-se, foi eleito na Régua, no Congresso aqui ocorrido no último fim-de-semana de Outubro.
Clique nas imagens para ampliar. Transcrito da "Tribuna Douro" com a devida vénia/agradecimentos.

Salve 28 de Novembro - A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua complementou, no pretérito dia 28 de Novembro, o seu 131º aniversário. Nesse dia pudemos ouvir a salva de morteiros, bem como a sirene em toque prolongado, assinalando o início das comemorações do respetivo aniversário. O dia das solenidades foi no dia primeiro do corrente mês, feriado nacional, por coincidência o dia da Restauração, que celebra a libertação do jugo filipino (espanhol).
As festividades começaram pelas 9h da manhã, com o hastear da Bandeira no Quartel Delfim Ferreira, havendo uma guarda de honra do Corpo Ativo e da Fanfarra. De seguida os Bombeiros rumaram aos cemitérios da cidade (Godim e Peso da Régua), tendo colocado flores nas campas dos bombeiros e diretores, que aí descansam em paz.
As celebrações continuaram e, pelas 10h 30mn, houve uma Missa Solene, na Igreja Matriz da cidade, celebrada pelo arcipreste, Pe Luís Marçal, em memória dos fundadores, dos bombeiros, sócios e beneméritos já falecidos, onde foi visível a comparência da Família Bombeiros.
Dando continuidade às celebrações, os Bombeiros deslocaram-se ao Largo do Cruzeiro, e prestaram homenagem ao Comandante Afonso Soares, que, para além de historiador do Peso da Régua, foi um homem distinto e multifacetado na sociedade reguense, que viveu na mudança de século XIX para o século XX (faleceu em 1939), sendo-lhe colocado um ramo de flores aos pés do seu busto, em cerimónia oficial com a formatura do Corpo Ativo.
Pelo meio-dia deu-se a receção às entidades oficiais convidadas, havendo a respetiva formatura e a apresentação das entidades oficiais à formatura do Corpo Ativo dos Bombeiros, seguindo-se uma Guarda de Honra efetuada pelo sr. Presidente do Município, eng. Nuno Gonçalves.
Todos tiveram a oportunidade de constatar os melhoramentos efetuados no edifício, devidamente renovado e adequado a uma melhor função do exercício dos soldados da paz, que lhes é exigida nos tempos modernos. Numa das salas do 1º andar, muito do material museológico exposto, que a Associação possui, serviu de exultação para os inúmeros visitantes, pelo prazer que tal vivência proporcionou, estando tudo devidamente disposto e ordenado, para que as pessoas possam desfrutar de uma realidade ímpar e excecional, dado o volume de objetos nobres e valiosos que a Associação possui, dada a longevidade que a mesma tem e o material respetivo. Uma bela visita que a população reguense pode realizar.
Passando-se ao Salão Nobre António José Rodrigues, um benemérito da Associação, deu-se início à Sessão Solene, sendo a Mesa constituída pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Humanitária dos Bombeiros-Dr. José Alberto Marques, tendo à sua esquerda o comandante Álvaro, da Cruz Branca-representante da Federação Distrital dos Bombeiros de Vila Real; e o Presidente da Direção da Associação-Dr. José Alfredo Almeida; à sua direita encontrava-se o sr. Presidente da Câmara Municipal-Engº Nuno Gonçalves; Dr. Duarte Caldeira-Presidente do Conselho Executivo da Liga Portuguesa dos Bombeiros Portugueses; Jaime Marta Soares-Presidente da Mesa dos Congressos dos Bombeiros Portugueses; Engº Carlos Silva-Comandante Operacional de Vila Real (CODIS); António Fonseca-Comandante dos Bombeiros do Peso da Régua.
De realçar a presença de um grupo de bombeiros infantis, nas cerimónias da efeméride, o que veio rejuvenescer toda a sessão e garantir que a Associação já tem continuadores.
Discursou o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Humanitária dos Bombeiros, Dr. José Alberto Marques, o qual agradeceu a presença de tantos convidados e tão ilustres, realçando a presença do Dr. Duarte Caldeira e de Jaime Marta Soares, por serem as duas entidades supremas dos Bombeiros Portugueses
No seu magnífico improviso e numa prosa poética - foi de um valor imensurável, pelo retrato fiel que fez da Associação - o Presidente da Mesa da Assembleia enfatizou o papel da Associação Humanitária dos Bombeiros da Régua, realçando o papel verdadeiro e altruísta do Corpo Ativo e de toda a Instituição, incluindo os órgãos Sociais, a qual, ao ser a mais antiga do distrito de Vila Real, tem dado provas cabais da sua ação meritória e inequívoca, não tendo defraudado os ideais dos seus fundadores. 
Alegoricamente, “… em que vieram as chuvas, as tempestades e os dilúvios” e, apesar disso, esta Instituição não caiu, porque, como casa “está edificada na rocha”, porque ela é a própria rocha. Durante estes anos todos soube ligar-se à sociedade civil onde está inserida, engrandeceu-se como coletividade, não se limitando a ser uma Instituição Voluntária de Bombeiros. 
Era a única Corporação de Bombeiros nas redondezas, apoiando os concelhos limítrofes . . .
Foi uma Associação que soube abrir as suas portas às tertúlias, a fim de conversarem, sem preconceitos e com total liberdade de reunião; foi lugar de tertúlia cultural e de amizade, onde as pessoas se reuniam, nessa tal “força invencível”, que saía da letargia de nada fazer, atitude portuguesa tão usual, como defendeu João de Araújo Correia; foi uma Instituição que, durante muitos anos, se distinguiu por ter uma biblioteca, sendo muitas das obras, de valor incalculável, legadas por beneméritos, onde os estudantes ou o cidadão comum podiam procurar alguma da bagagem para a sua cultura geral/específica; foi a sede de um Grupo Coral-“As Andorinhas do Peso da Régua”, com mais de 120 pessoas; foi o 1º refúgio hospitalar para os pobres, pelos tratamentos que se faziam; foi local de encontro para uma elite inteligente e dum bairrismo saudável e reivindicativo.
De seguida falou o Presidente da Direção, que agradeceu a presença de todos. Enumerou algumas das dificuldades sentidas, mas com a noção do dever cumprido. Congratulou-se com a presença das duas figuras máximas dos Bombeiros Portugueses. Referiu (reforçando a ideia) e agradeceu o apoio incondicional que o Município prestou à Associação, foi a força motriz, quer nas obras de remodelação do Quartel, quer na realização do Congresso.
Falaram os restantes elementos da Mesa, que enalteceram o papel do Bombeiro e da Associação reguense, mostrando todo o prazer em estarem presentes numa cerimónia desta envergadura.
Por último discursou o Presidente da Câmara do Peso da Régua, agradecendo as palavras dirigidas à Instituição que superintende, mas que estão naquele cargo para servir e querem que a AHBV seja um elo forte na sociedade reguense, cumprindo cada vez mais e melhor o seu papel.
Para colmatar a sessão solene evocativa da efeméride, o ponto mais alto foi a entrega da distinção honorífica, “Fénix de Honra” - a segunda mais alta distinção honorífica da Liga de Bombeiros Portugueses, colocada no estandarte dos Bombeiros da Régua, pelo ainda Presidente do Conselho Executivo - Dr. Duarte Caldeira. De seguida e para fecho da sessão solene foi entregue a Medalha de Ouro da Federação dos Bombeiros de Vila Real à Câmara Municipal da Régua, na pessoa do seu Presidente-Engº Nuno Gonçalves, e ao Dr. Duarte Caldeira. Fechada a cerimónia, passou-se ao momento seguinte, “Almoço de Confraternização com o Corpo Ativo”, um almoço de convívio, onde, atendendo ao momento de crise, foi servido um só prato, que agradou à generalidade dos convivas. O fecho da solenidade deu-se com o desfile dos veículos – de incêndio e as ambulâncias – pelas principais ruas da cidade, fazendo todo o percurso com as sirenes ativas. Estão de parabéns os Bombeiros Voluntários do Peso da Régua! 
- Por Adérito Rodrigues, Prof.
Transcrito do "Noticias do Douro" com a devida vénia/agradecimentos

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

RECONHECIMENTO - Uma nova ambulância para os valorosos Bombeiros da Régua!

Peso da Régua - Bombeiros da Régua receberam uma nova ambulância oferta da Symington Family Estates: Com a presença de Paul Symington, mais seis administradores e alguns trabalhadores da Symington, onde também estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal do Peso da Régua, Eng. Nuno Gonçalves, Dr. Duarte Caldeira, em representação da Liga dos Bombeiros Portugueses e os Presidentes da Direções dos Bombeiros do Pinhão e de Palmela, esta a representada pelo popular desportista Octávio Machado, a cerimónia da bênção da nova ambulância dos Bombeiros da Régua realizou-se, no passado dia 31 de agosto, no Quartel Delfim Ferreira, que foi doada generosamente pela grande produtora de vinhos na Região Demarcada do Douro, a conhecida firma Symington que, mais uma vez, promoveu uma relevante ação social para o interesse e bem-estar das populações onde estão inseridas as suas quintas.

A bênção desta ambulância foi realizada pelo Padre Luís Marçal que, depois de umas breves palavras alusivas ao momento, durante a celebração religiosa pediu aos presentes um minuto de silêncio em homenagem pela morte trágica de cinco jovens bombeiros falecidos nos combates aos fogos florestais deste verão.

Depois os presentes e convidados foram recebidos no bonito Salão Nobre do Quartel, que tem o nome do benemérito reguense António José Rodrigues, pela direção da Associação, representada pelo seu presidente Dr. José Alfredo Almeida, que anunciou a presença de uma figura importante que, apesar de estar atrasada, vinha assistir à cerimónia e realçar o seu exemplo de humanismo no seu tempo com dos Symingtom no presente. E ficaram surpreendidos ao verem entrar a sócia-contribuinte nº1 da associação, a lendária figura histórica D. Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha da Régua, brilhantemente interpretada pela atriz amadora Olga Alves, numa direção da Dr. Maria José Garcia, que ali representavam a Universidade Sénior do Peso da Régua, sendo no final ambas muito aplaudidas por mais uma inesquecível atuação e colaboração cheia de bom gosto, de rigor histórico e de grande cultura.

Intervieram também neste sessão de gratidão à família Symingtom, presente no Douro, desde o ano 1882, isto é, há mais de cinco gerações, o Presidente da Assembleia Geral da Associação, Dr. José Alberto Marques que, num discurso de grande conteúdo e saber, salientou o ato de benemerência do homenageado, afirmando o seu singular exemplo no momento difícil em que vivemos, sendo depois seguido de umas breves palavras do Dr. Duarte Caldeiras e do Presidente da Câmara do Peso da Régua, ambos a reconhecem o gesto e dádiva de grande valor para o trabalho e a missão dos bombeiros da Régua.

Antes de receber um bonito capacete de bombeiro, com uma inscrição gravada numa placa como o agradecimento dos bombeiros da Régua, das mãos de pequeno soldado da paz, Paul Symington usou da palavra para dizer que estava satisfeito da sua empresa não quer ter apenas lucros na sua atividade, mas poder ajudar os bombeiros e a importância da sua empresa poder participar no desenvolvimento das pessoas e das instituições sociais que trabalham para o bem coletivo da região do Douro.

A sessão acabou com uma magnífica palestra proferida pelo Dr. Duarte Caldeira sobre os atuais desafios das associações de bombeiros, que pelo seu brilhantismo e conhecimento desta matéria, muito agradou a todos os presentes.

Foi mais uma cerimónia que não deixará de enriquecer o longo historial dos Bombeiros da Régua, que desde 1880, se afirmaram na comunidade reguense com uma vontade de servir e, como a Symington, têm as raízes bem assentes no chão duriense e trabalham com um lema Vida por Vida, a pensar no bem-estar das pessoas e com olhos postos no futuro, como referiu o seu discurso o presidente de direção, Dr. José Alfredo Almeida.
Também neste blogue:
Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Setembro de 2013. Imagens e texto cedidos pelo Dr. J. A. Almeida para este blogue. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PARABÉNS BOMBEIROS DO PESO DA RÉGUA. 133 ANOS DE ALTRUÍSMO!

A palavra "altruísmo" foi cunhada em 1831 pelo filósofo francês Augusto Comte para caracterizar o conjunto das disposições humanas (individuais e coletivas) que inclinam os seres humanos a dedicarem-se aos outros. (fonte Wikipédia)
Os aniversários são sempre motivo de regozijo; a sua celebração significa que é mais um ano que passa na vida quer das pessoas, quer das instituições. Neste caso, a AHBVPR celebra o seu 133º aniversário, o que faz dela a mais antiga do Distrito e uma das mais antigas do País, motivo de orgulho para todos nós.

Para mim, escrever sobre os Bombeiros portugueses não é tarefa fácil, já que, ao longo da minha carreira profissional, várias vezes tive que fazer reportagens onde os bombeiros foram intervenientes, reportagens essas que em alguns casos me marcaram para sempre. Nunca esquecerei aquele mês de Setembro de 1985, pois coube-me a mim fazer a reportagem para a RTP da grande tragédia que ocorreu em Armamar e da qual resultou a morte de 14 soldados da paz. Foram momentos de grande consternação em que, à medida que avançava, ia encontrando (e obrigado a filmar por dever profissional enquanto as lágrimas me corriam pela face) os corpos carbonizados daqueles homens que deram a sua vida em serviço do próximo.

No dia 15 de Setembro, apenas 8 dias após este triste acontecimento, deu-se o grande incêndio da Serra do Marão que devastou 3.000 hectares de pinheiro bravo, deixando a serrania calcinada e despida de toda a sua vegetação. Foi nesse incêndio que um bombeiro da AHBVPR salvou o veículo automóvel em que me desloquei para a reportagem. O fogo desenvolvia-se em várias frentes e, na ânsia da melhor imagem, eu concentrava-me na sua evolução na zona dos viveiros de trutas, onde punha em risco todo o estaleiro nos quais se guardavam grandes quantidades de combustíveis que poderiam explodir a qualquer momento. Toda a minha atenção se focava neste aspecto enquanto, em cima, o fogo se aproximava do local em que deixara o automóvel, também junto às viaturas dos Bombeiros do Peso da Régua. Nesse interim, o fogo atravessava a estrada nesse local, e o quarteleiro Gouveia, conforme ia retirando os carros da corporação, fê-lo também ao meu, pondo assim a salvo todas as viaturas.

Aproveitando este aniversário, quero prestar a minha homenagem a todos os bombeiros portugueses, que são um exemplo para o Mundo, por vezes pagando com a própria vida esse serviço que prestam à Comunidade, fazendo-o decerto com gosto, mas também sob um perigo constante.
- João Rodrigues, Novembro de 2013
CONVITE E PROGRAMA
28 de Novembro e 1 de Dezembro de 2013
Clique na imagem para ampliar
Distinções e reconhecimentos marcam o 133º Aniversário da Associação dos Bombeiros da Régua 

Durante as cerimónias festivas de mais um aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros da Régua, a ser celebrado no próximo dia 1 de Dezembro, a sua Direcção presidida pelo Dr. José Alfredo Almeida e o Comandante António Fonseca vão entregar vários Crachás de ouro e Medalhas de Serviços - Grau Ouro para reconhecer o mérito, a generosidade, o trabalho e o prestigio de antigos bombeiros, dirigentes, sócios, instituições locais, beneméritos e ao presidente dos Bombeiros dos Pinhão, muito justamente pelos seus 35 anos de serviço a uma causa pública, os quais também mereceram um reconhecimento unânime por parte Liga dos Bombeiros e, muito em especial, do Comandante Jaime Marta Soares que já anunciou mais uma vez a sua presença no Peso da Régua. Assim vão ser distinguidos as seguinte empresas comerciais e personalidades:

Crachá de Ouro
Guilhermino Pereira de Almeida - Bombeiro do Quadro de Honra
Vinhos Symington, SA - Benemérito
Júlio Alfredo Mota – Presidente do Conselho Fiscal
Arquitecto Francisco Oliveira Ferreira (a título póstumo) - Benemérito
D. Antónia Adelaide Ferreira (a título póstumo) - Benemérita
Alfredo Luís Baptista (a título póstumo) – Antigo Director
Delfim Ferreira (a título póstumo) - Benemérito
José Ribeiro Alves Teixeira - Presidente da Direcção da AHBV do Pinhão

Medalhas de Serviços Distintos - Grau Ouro
Fanfarra dos Bombeiros do Peso da Régua
Ilídio Monteiro Mendes - Vice-Presidente da Direcção
Manuel Pinto Montezinho - Antigo Director
Santa Casa da Misericórdia do Preso da Régua
Imobiliária Irmãos Alves - Benemérita
António Ferreira Westerman - Sócio
133º Aniversário dos Bombeiros do Peso da Régua 
No dia 28 do corrente mês de novembro (dia em que o Jornal chega aos seus leitores) ocorre mais um dia de anos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, sendo o centésimo trigésimo terceiro aniversário, ou seja, ficam cumpridos 133 anos de vida duma Associação em prol dos outros, com um fim supremo de auxiliar o próximo, para o bem geral da humanidade, dos residentes na terra ou na região, pois vários foram os atos filantrópicos na entreajuda com outras Associações congéneres limítrofes.

Decorria o ano de 1880, quando, por intermédio de uma Comissão Instaladora (integrada por 26 elementos, reguenses distintos e altruístas) se formou, oficialmente, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.

Pretendia esse grupo de homens, de forma associativa, garantir uma postura organizativa, que pretendia fazer nada mais, nada menos, do que combater os incêndios urbanos. Sendo a então vila da Régua uma localidade com vários armazéns de vinhos, e como todas as coberturas eram em madeira e armazenavam aguardente vínica (altamente inflamável), para a produção do Vinho Generoso, urgia que se ponderasse a criação de um corpo de bombeiros, a fim de colmatar ou minorar 

Nos longínquos anos de 1873 a Câmara tinha feito a aquisição de uma bomba, a fim de minorar os perigos dum incêndio, contudo, não deu cumprimento cabal ao desejo de criar um corpo de homens que soubesse manobrar o respetivo material e assim foram andando, até que, após um interregno de 7 anos, o referido grupo tentou equacionar um problema que a Câmara, por obrigação legislativa, deveria ter cumprido, mas que não consumou.

Assim se deu a criação de um corpo de Bombeiros Voluntários na Régua, estruturado e com preparação para a eventualidade de um incêndio. Organizados, tiveram ao comando do “rabelo” Manuel Maria de Magalhães, que, assumindo as funções de 1º Comandante, dinamizou o corpo de bombeiros, que estava ao seu encargo.

Acontece que a dificuldade sentida nestes anos antecedentes para a criação da Associação dos Bombeiros foi acompanhando a vida da Associação, essencialmente a nível das instalações.

No tocante à situação do Quartel a dificuldade foi sempre bastante, já que não arranjavam um espaço digno para as funções que se pretendiam, se considerarmos a componente económica, pois o dinheiro era sempre pouco e a colaboração da Autarquia nem sempre se verificava.

Foram vários os locais onde se instalaram os Bombeiros. A última instalação foi no “cimo da Régua”, na Rua dos Camilos, mas, como local exíguo, não permitia as condições essenciais para o exercício pretendido. Desta forma, os seus corpos diretivos procuraram solucionar o caso e por 1930 conseguiram uma parcela de terreno (cedida pela Câmara), onde está o “nosso” bonito edifício dos Bombeiros. Terão sido das primeiras corporações a ter um edifício de raiz para aquartelamento.

Muito embora seja um edifício de uma arquitetura magnífica, não foi fácil a sua construção, pois a mesma arrastou-se por uns quase 30 anos. Vicissitudes constantes de uma qualquer organizção que vive de quotas e de beneméritos.

Não obstante todas as amarguras que os antepassados da Organização vivenciaram, podemos afirmar que as mesmas cimentaram a obra que se vê e que é o júbilo dos reguenses ou moradores da cidade. Foram atos valorosos, pequenos nadas na vida, consolidados no tempo, que levaram a que a Associação Humanitária dos Bombeiros esteja em festa, alicerçada num humanismo, num altruísmo, num voluntariado e numa doação sem limites (que eu saiba há, pelo menos, a perda de uma vida, na defesa de uma causa).

Está de parabéns todo o Corpo de Bombeiros (pela continuidade dum projeto) e a Direção (pelo consolidar do mesmo) e que todos possam usufruir da plenitude da vida durante muitos e longos anos. 
Notícias do Douro - por Adérito Rodrigues, Prof. 

Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2013.  Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.